
Desconfio da sua existência.
Desconfio que não vale esperar,
Nem pelo amanhã, nem pela sua essência.
Acredito que faço de hoje, toda uma vida.
Que hoje consigo nascer e padecer.
Que consigo fazer um sorriso,
Que consigo fazer esse sorriso morrer.
Acredito que consigo aprender um cheiro,
Que o consigo descrever.
Acredito que consigo tudo num dia.
Se intensamente o viver.
Penso que dá para, num dia, ser feliz.
Dá para extasiar um nascer do dia.
Dá para devorar os ventos de uma boa tarde,
Morrendo da melhor forma que a mente pedia.
Ocupando a mente com sentidos e gostos.
Deixando-a levitar em sonhos profundos.
Fazendo de vinte e quatro horas uma vida,
E dessa vida, vários mundos...
Fazendo-me querer o inevitável amanha.
Assumindo que essas horas não são suficientes.
Temendo querer, agora o amanha,
Sonhando com os nossos corpos presentes.
Pensando no sentido desta reviravolta.
Aceitando seres a razão.
Quererei eu mesmo o amanha?
Se for contigo, não assumo o "não".
Posso apenas querer mais um dia.
Posso apenas querer matar saudade.
E se amanha outro dia quiser?!
E se a saudade não for só saudade!?
E se quiser trezentos Pores-do-sol?!
E se quiser uma vida de Nasceres do dia?!
Contigo em mim, eternas horas,
Não haveria nada que não queria!
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